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⛪Quero ser Papa! E agora?

  • Foto do escritor: Gabrielly Nicolly Morais
    Gabrielly Nicolly Morais
  • 19 de fev.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 6 de mar.



Foto/Reprodução: VATICANO
Foto/Reprodução: VATICANO

O futuro do Papado e o papel da mulher no catolicismo


Se tem um assunto que rolou nos últimos dias, foi o estado de saúde do Papa Francisco. Com isso, o catolicismo e suas tradições entraram no radar das discussões, principalmente na internet. Segundo o Google Trends, mais de 100 mil pesquisas foram feitas sobre o tema na última semana, mostrando que os brasileiros estão bem atentos ao que acontece no Vaticano.


Mas e aí, como se escolhe um novo Papa? Bom, antes de mais nada, vale lembrar que para um novo líder assumir, o atual precisa… bom, partir desta para a melhor. Esse período de transição tem até um nome oficial: "Sé Vacante". Quem explica melhor esse processo é o professor universitário Danilo Andreatta, mestre em Filosofia:


“O processo de eleição do novo Sumo Pontífice é chamado de ‘Conclave’, que significa ‘com chave’. Isso porque é uma eleição sigilosa, onde os cardeais ficam trancados na Capela Sistina, sem contato com o mundo externo, até que o novo Papa seja escolhido.”

Mas calma! O processo não acontece no calor do momento. Existe um intervalo de, no mínimo, 15 dias após o falecimento do Papa para que o Conclave comece. Durante esse período, o Vaticano segue protocolos específicos e mantém a Igreja sem um líder oficial até que a escolha seja feita.


E quem pode votar? Danilo explica que apenas os cardeais com menos de 80 anos participam da eleição. Atualmente, são 138 cardeais eleitores, mas esse número pode mudar dependendo do próximo Conclave. Para que um novo Papa seja eleito, ele precisa receber 2/3 dos votos, o que hoje equivale a 92 votos. Não existe candidatura oficial – qualquer cardeal pode ser escolhido, embora, na prática, sempre seja alguém que já faz parte do Conclave.


E como o mundo fica sabendo que a escolha foi feita? A tradição da fumaça dá o recado!


“Todos os votos são escritos em cédulas de papel e depositados em um cálice de ouro. Depois de cada rodada de votação, os votos são queimados. Se ninguém alcançar os 2/3 necessários, um produto químico faz a fumaça sair escura, indicando que a eleição continua. Mas se um Papa for escolhido, a fumaça é branca, anunciando ao mundo que temos um novo líder para a Igreja.”

Pouco tempo depois, do alto do balcão da Basílica de São Pedro, ouvimos a icônica frase: “Habemus Papam” (Temos um Papa!). O cardeal eleito é então apresentado oficialmente e faz seu primeiro discurso como líder da Igreja Católica.

Agora, segundo Danilo, a missão de um novo Papa não se resume apenas à escolha e consagração. Ele comenta:


“O novo Papa deve preservar a doutrina católica e liderar a Igreja, evangelizando o mundo e orientando o povo de Deus, além de ser chefe de Estado do Vaticano.”

E isso nos leva a um ponto fundamental, muitas vezes ignorado: o papel da mulher dentro dessa estrutura. Com todos os desafios enfrentados pelos papas ao longo da história, vale refletir sobre como as mulheres são posicionadas na Igreja Católica e a razão pela qual, até hoje, elas não podem ocupar o cargo de Papa. Embora a presença feminina seja significativa em muitas áreas da Igreja, como nas congregações religiosas e no trabalho pastoral, a liderança máxima permanece restrita aos homens.


Será que a Igreja está pronta para questionar suas tradições e abrir espaço para um maior protagonismo das mulheres? Vamos explorar isso mais a fundo…


Mulheres no comando da Igreja? O que ainda impede essa mudança


A relação entre mulheres e a Igreja Católica é uma questão que atravessa séculos de história e se entrelaça com estruturas patriarcais profundas. Segundo a historiadora Anna Paula Figlino, formada em História pela USP e mestranda em História Econômica, a exclusão feminina dos cargos de liderança da Igreja tem raízes na própria construção do cristianismo.


“A Igreja seguiu a estrutura patriarcal de suas origens judaicas e romanas. O Deus cristão é um Deus homem, e isso se refletiu na organização da fé e na hierarquia clerical”, explica Anna Paula.

Ela lembra que, por séculos, houve até mesmo dúvidas se as mulheres tinham alma ou capacidade intelectual para interpretar a Bíblia. “Essa visão reforçou a ideia de que elas deveriam apenas seguir as regras da fé, sem espaço para questionamentos ou liderança”, completa.


A historiadora destaca que a Igreja sempre se adaptou às mudanças sociais, mas a presença feminina nos altos cargos continua sendo um tabu. “Não é impossível ser católica e lutar por mudanças, como a participação de mulheres em batismos e missas. Mas a Igreja não demonstra esforços reais para que elas ocupem cargos centrais”, afirma.


Os questionamentos sobre o papel da mulher na Igreja cresceram com o avanço da Teologia da Libertação e movimentos como Católicas pelo Direito de Decidir. Porém, para Anna Paula, a instituição resiste a essas mudanças. “Nos países mais escolarizados, cresce o número de ateus e agnósticos. Mesmo entre católicos, muitos já não seguem regras tradicionais, como a proibição do sexo antes do casamento”, analisa.


Ter uma mulher papa, por exemplo, teria grande peso simbólico, mas, segundo Anna Paula, não resolveria as questões estruturais da desigualdade. “Seria algo marcante, mas não garantiria direitos básicos, como igualdade salarial ou acesso à educação e segurança”, conclui.


Recentemente, um passo histórico foi dado no Vaticano com a nomeação da primeira mulher para um cargo de liderança em um ministério, um movimento que indica mudanças significativas na estrutura da Igreja. Com isso, o papel das mulheres começa a ser mais reconhecido, ainda que de maneira tímida.


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